segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Destruíram meus heróis


Destruíram meus heróis.
Eu gostava de Tartarugas Ninjas, Thundercats, Ursinhos Carinhosos, Cavalo de Fogo e a Princesa Sara. Mas nenhum desses é comparável ao meu deslumbramento pela Turma da Mônica.
De lancheiras à meias, eu tive praticamente todos os produtos lançados da Turma. Minha identificação era gigantesca: eu falava errado como o Cebolinha e tinha o dente tão feio quanto o da Mônica. Até hoje amo melancia. A única diferença é que gosto, também, de tomar banho.

Qual não foi minha surpresa ao entrar no site UOL hoje e me deparar com o final da minha infância. A morte, a destruição dos meus heróis da vida inteira: a Turma da Mônica Jovem.
Meu Deus. O cabelo do Cebolinha parece um catavento. O Cascão tá com cara de corinthiano. A Magali parece uma garota de programa. A Mônica é a menos pior.
Fico me perguntando que tipo de criança vai ver o Cebolinha e não ter pesadelos. Eu vou ter pesadelos.

Triste. Muito triste.

domingo, 16 de agosto de 2009

Hein?

Sexta a tarde no shopping...

Loja 1
Eu: Boa tarde. Por favor, vocês tem jibbitz?
Moça: ... ?
Eu: Aqueles negocinhos de colocar nos Crocs, sabe?
Moça: ... ?
Eu: Iguais a esses aqui ó [levantando o pé]
Moça: Não tem isso aí, não.

Loja 2
Eu: Moça, por favor, vocês tem jibbitz? Esses negocinhos de colocar nos Crocs, iguais aos meus, ó [apontando pra baixo]
Moça: [concentrada; cara de quem está pensando no estoque, pra lembrar se tem] Ah... o rebite acabou! Vou ficar te devendo...


Ai ai.

domingo, 2 de agosto de 2009

Diário de Automóvel II


Minha tia é professora. Ainda bem. Sério. Se ela fosse instrutora de auto-escola, nós morreríamos de fome.

Mais de três meses depois da última postagem, depois de ter sido reprovada uma vez na droga da baliza, aqui estou eu, teoricamente motorizada. Com carro e habilitação. Pronta pra dirigir, tendo o céu como limite! Teoricamente.
Isso porque me enfiar na Av. Brasil às 4h da tarde não é tão fácil quanto eu imaginava, especialmente quando a embreagem não colabora muito. Ou talvez o problema seja simplesmente eu, como o cara da oficina fez questão de destacar.
"Você pode, por favor, regular a embreagem pra mim?"
[pisando na embreagem] "Olha, moça, já tá regulada..."
"Não, não tá nãão. Olha só, sente, não tem ponto."
"Que ponto?"
"O da embreagem, né. Aquele que eles ensinam na auto-escola, que o carro treme..."
"Moça, isso só se faz na auto escola. Agora, você controla com a embreagem e o acelerador."
"Não, deve ter um jeito de regular. Olha só, e se eu deixar o carro aqui, você dá uma olhadinha direito, amanhã eu venho buscar e você regula pra mim? Eu não consigo andar uma quadra assim."
"Moça, não dá"
[Como não?Argh.]
"Mas dá uma olhadinha, pra ter certeza.."
"Moça. É melhor você regular seu pé."
...

Aderindo à campanha do cara da oficina, minha tia adotou o lema "Você não dirige porque não quer". Certo. Sendo assim, hoje ela me obrigou (duas vezes!) a dirigir pela cidade. Estatísticas razoáveis: uma pessoa ferida - peguei meu dedo na porta de novo, uma quase atropelada - um senhor bem sem-noção com uma melancia saindo da feira - e média de 0.25 afogadas por quadra.
O que mais me irrita, além dos motoristas impacientes, o fato de não se poder virar à esquerda nas avenidas de Maringá, velhos com melancias saindo da feira e ônibus atrás de mim, é a minha tia. Sei que devo muito a ela, portanto, minha obrigação é, no mínimo, tolerar. Mas é difícil. Hoje ela deu pra cismar que eu puxo muito o banco pra frente. Um tanto quanto óbvio, quando se tem 1.56m de altura, certo? Além disso, ela quer que eu segure a direção no topo. Fico me perguntando qual parte do "eu não alcanço" ela tem dificuldades pra assimilar.
No fim das contas, cada vez que nós saímos de carro, eu quase bato. Por acidente?
Não.
Suicídio, mesmo.

sábado, 18 de abril de 2009

Diário de Automóvel I

Nossa relação sempre foi equilibrada. Sempre nos demos bem, sem maiores comprometimentos. Ele me ajudava e eu admitia minha necessidade dele. Eu não o controlava. Agora, as coisas mudaram. O tempo passou, as relações modificaram-se. Ou cresceríamos juntos, ou pararíamos por aqui...

Segunda, 13 de abril de 2009. 1h48.

Sentei-me no sofazinho da recepção. Minhas mãos tremiam, meu coração estava acelerado. Pela porta, podia vê-lo, junto ao meio-fio. A luz do sol incidia fortemente sobre ele. Eu não ousava encará-lo por muito tempo - em instantes nossa relação estaria evoluindo para uma nova etapa. Precisávamos ser responsáveis.
- Angélica, vamos? - chamou uma voz atrás de mim. Senti meu estômago embrulhar. Minha voz parecia ter sumido.
- S-sim - disse eu, com certo esforço.
Seguimos na direção dele. O grande momento havia chegado. Só me restava respirar e encarar a situação.
***
- Tá vendo esse pedal aqui? É a embreagem. Este outro é o freio e este o acelerador. - dizia a instrutora. - Você deve pisar na embreagem para trocar de marchas.
Mais algumas instruções e dicas rápidas.
- Agora é sua vez - concluiu ela. Pude sentir meu coração batendo na garganta.
Sentei no banco do motorista. Arrumei o retrovisor. Puxei o banco pra frente, no máximo. Tinha que me contorcer um pouco pra alcançar a embreagem. Droga. Coloquei o cinto de segurança. Dei a partida. O ronco do motor me fez estremecer. "Isso não vai prestar", pensei.
Dito e feito. O carro afogou. "Argh".
Olhei pra instrutora. Tranquila, ela olhava para um cantinho da unha, onde seu esmalte vermelho havia saído. Então é assim? Eu estou quase enfartando, com o carro afogado e ela se preocupa com o esmalte? Que raiva!
Tentei de novo. Não afogou. Ótimo. Olho pra ela, incerta.
- Acelera devagar.
Certo. Qual é o acelerador mesmo?
Com o pé esquerdo, procuro o pedal do acelerador. Meus pés se enroscam. Entro em pânico, estávamos no meio da rua já. "Não posso afogar, não posso afogar", eu repetia freneticamente.
Afoguei. Olho pra instrutora, desesperada. Calmamente, como se sua mão pesasse 11 toneladas, ela liga o pisca alerta.
- De novo. Dá a partida.
"Argh". De novo. Afoguei. De novo. Afoguei.
Senti meus olhos cheios de lágrimas. De novo. Pegou. Acelerei devagar. Estávamos andando (a 15km/h, mas estávamos em movimento). Fiquei emocionada. Logo a frente, havia uma placa de PARE.
- Você deve frear devagar - disse a instrutora.
Certo, freio. Freio, freio, onde é o freio? Com um impulso, pisei com força no pedal do meio. Paramos bruscamente. O carro afogou. Olhei no retrovisor. Um garotinho de bicicleta passava alegremente por mim. "Não precisa ter medo, é como andar de bicicleta", dizia minha tia. Tá, como se eu soubesse andar de bicicleta.
De novo. Afoguei. De novo. Afoguei.

E assim, fomos. Afogando, dando partida, afogando de novo, fiz duas horas de aula andando, no máximo, dois quarteirões.
Chegamos na Avenida Mandacaru. Duas faixas para cada pista, carros, bicicletas, caminhões. "Ai, caramba, caminhões". Meu estômago se contorcia, fiquei enjoada.
O sinal ficou verde. Acelerei devagar, passamos a primeira pista.
- Este quadrado pintado de amarelo é a zona de conflito. Você não pode parar aqui.
Não sei qual a vantagem de me dizer isso, naquele momento. Desesperada, afoguei. Dei a partida. Afoguei. Alguns carros buzinaram. Sentia meu rosto enrubescendo, algumas lágrimas que não pude segurar. "Que ódio". Dei a partida. Saímos lentamente. Com esforço e grande ajuda da instrutora, chegamos à minha casa.
"Isso não vai prestar", pensei.

- Nos vemos na quarta, Angélica. - disse ela, alegremente, acenando.
"Isso definitivamente não vai prestar", pensei.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Desperate Housewife II


Eu adoro esmalte vermelho. E também sou um tanto destrambelhada, como vocês devem ter percebido. E, ainda, sou bem metódica: sempre o mesmo tom de vermelho - uma camada de Beijo e uma de Desejo, em cima.
Sabendo que eu sempre consigo estragar alguma unha antes do final de semana, quando a manicura vem, tive a brilhante idéia de comprar um Desejo pra deixar aqui em casa e poder consertar sozinha quando eu estragar. Inteligente? Nem de longe.
Hoje estraguei a unha do dedão tentando abrir o vidro de ketchup e fui consertar, toda contente com meu senso prático.
O problema é que semana passada o Desejo da manicura tinha acabado, por isso ela passou um 'genérico', chamado Havana.
Claro que ficou superdiferente o tom. Por isso, ao invés de retocar só o cantinho da unha do dedão, tive que passar em todas.
Estava eu bem tranqüila [tentando] passar com a mão esquerda, quando cai uma gota na mesa de marfim da minha tia. Mais do que depressa, passei o dedo, aumentando a mancha e sujando o dedo. Instintivamente passei o dedo sujo na palma da outra mão. Mais sujeira. Desesperada, me esqueço do pincel. Uma gota no chão. Levanto desesperada pra ir buscar um pano. Piso na gota, no chão.
Em meio a uma crise histérica com direito a muito choro, consigo limpar o chão e a mesa.
Olho pras mãos. Me sinto de novo na segunda série, acabando uma pintura com guache. Corro pro banheiro procurar a acetona - ainda tenho 25 minutos antes do curso de francês.
Xampu, condicionador, pasta de dente (cadê a acetona?), sabonete, creme pros pés, creme pras mãos (cadê a droga da acetona?), creme pro cabelo, mais pasta de dentes e o bendito vidro de acetona...
... vazio.
Desespero. Pânico. As duas mãos sujas de esmalte vermelho Desejo. Muito sujas. Vinte minutos pro curso de Francês. Nem uma gota de acetona.

O que me resta? Fazer cara de nada, encarar o vexame e ir no mercado com a mão inteira vermelha, passar pelo menino do caixa, que reprime uma boa gargalhada... e voltar pra casa, olhando pras mãos inteiras manchadas de esmalte vermelho Desejo.

Desejo? Desejo de enfiar a cara num buraco, isso sim.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

"Um piloto precisa ter fé. Em seu talento, em seu poder de julgamento, no poder de julgamento daqueles que o cercam, nas leis da física. Um piloto precisa ter fé na equipe, no carro, nos pneus, nos freios, em si mesmo.
Ele erra a entrada na curva. É forçado a sair do seu trajeto. Ele está em alta velocidade. Os pneus perderam a aderência. A pista ficou escorregadia. E de repente, ele se vê na saída da curva sem ter mais pista e em grande velocidade.
Enquanto a caixa de brita se aproxima, o piloto precisa tomar decisões que terão impacto sobre a corrida, sobre seu futuro. Virar as rodas dianteiras violentamente, indo contra a sua natureza, só vai fazer o carro rodar. Frear é igualmente ruim, porque deixará a traseira do carro solta. O que fazer?
O piloto precisa aceitar seu destino. Ele precisa aceitar o fato de que erros foram cometidos. Cálculos errados. Decisões ruins. Uma confluência de circunstâncias coloraram-no nessa situação. O piloto precisa aceitar tudo isso e estar disposto a pagar o preço. Precisa sair da pista.
Tirar duas rodas. Até mesmo quatro. É uma sensação terrível, como piloto e como competidor. O cascalho que bate no chassi. A sensação de estar nadando na lama. Enquanto as rodas estão fora da pista, outros pilotos estão passando por ele. Pegando seu lugar, continuando em alta velocidade. Só ele está reduzindo.
Nesse momento, o piloto entra em crise. Ele precisa acelerar novamente. Ele precisa voltar pra pista.
Oh, estupidez!
Pense nos pilotos que saíram das corridas por terem quebrado a direção, por terem exagerado na correção a ponto de rodarem na frente dos adversários. Uma posição terrível para qualquer um ficar.
Um vencedor, um campeão, aceita seu destino. Continua com as rodas na sujeira. Faz o melhor que pode para manter o traçado e voltar gradualmente para a pista, em segurança. Sim, ele perde algumas posições na corrida. Sim, ele fica em desvantagem. Mas continua correndo. Continua vivo.
A corrida é longa. É melhor pilotar dentro dos limites e terminar a corrida atrás dos outros, do que forçar e quebrar."
(A Arte de Correr na Chuva, Garth Stein).


:) Incrível como realmente funciona assim, não é?

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Tá faltando emprego no planeta dos macacos...

Me disseram uma vez - e eu, ingenuamente, concordei - que a época de faculdade é a melhor da vida gente. De fato, até que você passe para o segundo ano.
Porque aí sim você descobre o que é preocupação. Formatura, estágio, projeto e o diabo a quatro. Tudo isso considerando que a maioria ainda não tem carteira de habilitação, depende de circular e da boa vontade dos funcionários da universidade - vontade esta que nem sempre é tão boa...
Formatura. Claro, ainda tenho 3 anos pela frente. Mas, nessa época de crise, alta do dólar e tudo mais, é bom começar a pagar desde já. E aí, dá-lhe paciência pra resolver se vamos servir pão com patê de pistache e semente de samambaia ou torrada com creme de banana e nozes. Argh. Como se alguém fosse comer isso.
Pior que o projeto, que depende exclusivamente da boa vontade do seu orientador - e que nem sempre é tão boa assim - é o estágio. E agora sim, entramos no post propriamente dito, que se chama...

É. Ta faltando emprego no planeta dos macacos...

Ah, como eu era feliz e não sabia... Acordar 10h, fazer 1h de esteira, arrumar a travessa de saladas com tomates e azeitonas formando uma tulipa, assistir desenho no Disney Channel, ler o horóscopo meu e "dele". Nem me preocupei com esse negócio de estagiar, ano passado. Tudo bem que ano passado eu não podia mesmo, só a partir do segundo ano. Mas convenhamos: era uma preocupação a menos.
Qual não foi meu espanto ao me surpreender sentada na mesa da cozinha, com um jornal, uma caneta e uma caixinha de Toddynho (não, não gosto de café) caçando anúncios de estágio.
Fora que, definitivamente as pessoas não fazem idéia do trabalho de uma Secretária Executiva Trilíngüe.

Procura-se moça jovem, de boa aparência, comunicativa, simpática...
(fiel e carinhosa e com bom apetite sexual? anúncio de emprego ou de namoro?)

Contrata-se secretária executiva trilíngue, que fale inglês...
(o que eles acham que a gente aprende? Polonês, russo e grego?)

Precisa-se de Secretária Executiva Trilíngüe, cursando 2º, 3º ou 4º ano com fluência em dois idiomas; para atendimento ao público e telefone; elaboração de documentos, ofícios e planilhas; cadastramento de clientes; contatos com fornecedores e controle de estoque. Disponibilidade para trabalhar das 7h às 20h. Paga bem.
(perfeito, afinal quem precisa almoçar, jantar, tomar banho e ter vida social, né? Sem contar que posso perfeitamente freqüentar as aulas da meia noite às 6h da manhã).


Essa semana, fui a uma entrevista de emprego. Para dar sustentação aos meus argumentos, eis aqui o significado do termo entrevista, segundo o dicionário Larousse de Língua Portuguesa:

Entrevista s.f. Conversação mantida com alguém para obter informações sobre seus atos, idéias, projetos etc.

Atenção para a palavra em negrito. Vamos separar silabicamente, para sanar toda e qualquer dúvida. Con.ver.sa.ção. Não sei exatamente qual parte disso a mocinha não entendeu, porque o que nós menos fizemos foi conversar. Preenchi um questionário com meus dados pessoais, ouvi-a dizer qual o ramo da empresa e digitei dois parágrafos de um texto (sem formatação), apenas para confirmar meus "conhecimentos avançados em informática". E eu com medo que ela me pedisse pra montar uma planilha aplicada no Excel...

É fato. Estagiário sofre. Estagiárias de secretárias então, sofrem o dobro. Estudamos Administração, Teoria Política Moderna, Direito, Economia, Psicologia, Contabilidade e, a pior, Arquivistíca, para depois o chefe de estágio pedir pra fazermos café. EU NEM SEQUER TOMO CAFÉ! Desculpa, eu faço um balanço patrimonial de uma empresa inteira, organizo os arquivos em ordem decrescente de números primos, mas não me peçam para fazer café...

Dito isso, não posso fazer outra coisa senão me questionar se realmente terei auto-controle suficiente para não atacar a aorta do próximo entrevistador.


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