Papai Noel,
Boa tarde. Quero, primeiramente me justificar por estar escrevendo agora - 12 anos após a última carta e, ainda por cima, depois do natal - mas resolvi entrar na dança dos meus amigos e escrever pra fazermos um saldo do ano.
Não acho que tenha sido tão má assim. Confesso que descobri um gosto até então oculto por Smirnoff Ice, mas tudo sob controle. Confesso também que cometi o pecado da gula - impossível resistir à coxinha da UEM. Cobicei o homem da próxima, mas acho que isso é um pecado mundial, afinal a Angelina Jolie tinha que casar justo com o Brad Pitt?
Por outro lado, veja só, tratei a prof de Arquivistíca muito bem, embora ela me tirasse do sério frequentemente, engoli sapos, tirei boas notas, orei praticamente todas as noites, não comi carne vermelha na sexta-feira santa (nem na maioria dos dias) e procurei chingar o mínimo possível os corinthianos.
Parece-me bem inadequado, então, não ganhar aquilo que eu mais queria. Sabe, a bolsa branca de verniz é perfeita e combina com qualquer roupa. A pulseira de prata de Bali, então, quase caí da cadeira quando vi, de tão linda. Mas e "ele"? Poxa, Papai Noel, francamente. Eu te peço o mesmo presente há, pelo menos, 10 anos. O senhor não acha que já tava mais do que na hora de colaborar?
Não, não digo passar uma ou duas noites com "ele" e com a turma toda. Também não me refiro a ser abraçada com o carinho de uma amiga, ou, talvez, de uma quase-irmã. E não me venha com "amostras grátis". Isso costumava ser suficiente, mas não é mais. A coisa muda, Papai Noel. A gente fica mais velho e vai percebendo que sentar atrás "dele" na escola, fazer parzinho na quadrilha, sentar do lado no cinema, jogar no mesmo time na ed. Física já são pouco, perto do tamanho do sentimento - sentimento este que só cresceu ao longo dos anos.
Ah, cara, é difícil. É quase como quando você é pequeno e vê aquele brinquedo na vitrine - aquele que sua mãe disse que era muito caro - e sabe que não vai poder ter um daqueles. Com a diferença que o brinquedo, talvez um dia eu pudesse comprar, quando tivesse dinheiro. Mas meu caso é diferente. Dinheiro, não resolve. O que conta é o sentimento e isso, Papai Noel, não depende da minha vontade.
Gostaria de querer ganhar algo mais simples. Mas no coração, a gente não manda, entende?
Já que o senhor não pôde trazer o que eu queria... só te peço, por favor, que faça o tempo passar rápido. Rápido o suficiente pra me fazer voltar pra Maringá e continuar a faculdade, arrumar um estágio logo e parar de pensar nele o tempo todo, no sorriso dele, no rosto dele, no jeito com que ele me abraçou e fez o mundo parar... Porque isso machuca. Bastante.
Vou me comportar melhor ano que vem, prometo. Quem sabe, no fim das contas, eu não faça por merecer ficar junto com quem eu sempre quis, não é? O que eu sei é que qualquer esforço valeria a pena.
Não esqueça de mim, hein, Papai Noel.
Até ano que vem.
Um beijo!
Angélica.
Boa tarde. Quero, primeiramente me justificar por estar escrevendo agora - 12 anos após a última carta e, ainda por cima, depois do natal - mas resolvi entrar na dança dos meus amigos e escrever pra fazermos um saldo do ano.
Não acho que tenha sido tão má assim. Confesso que descobri um gosto até então oculto por Smirnoff Ice, mas tudo sob controle. Confesso também que cometi o pecado da gula - impossível resistir à coxinha da UEM. Cobicei o homem da próxima, mas acho que isso é um pecado mundial, afinal a Angelina Jolie tinha que casar justo com o Brad Pitt?
Por outro lado, veja só, tratei a prof de Arquivistíca muito bem, embora ela me tirasse do sério frequentemente, engoli sapos, tirei boas notas, orei praticamente todas as noites, não comi carne vermelha na sexta-feira santa (nem na maioria dos dias) e procurei chingar o mínimo possível os corinthianos.
Parece-me bem inadequado, então, não ganhar aquilo que eu mais queria. Sabe, a bolsa branca de verniz é perfeita e combina com qualquer roupa. A pulseira de prata de Bali, então, quase caí da cadeira quando vi, de tão linda. Mas e "ele"? Poxa, Papai Noel, francamente. Eu te peço o mesmo presente há, pelo menos, 10 anos. O senhor não acha que já tava mais do que na hora de colaborar?
Não, não digo passar uma ou duas noites com "ele" e com a turma toda. Também não me refiro a ser abraçada com o carinho de uma amiga, ou, talvez, de uma quase-irmã. E não me venha com "amostras grátis". Isso costumava ser suficiente, mas não é mais. A coisa muda, Papai Noel. A gente fica mais velho e vai percebendo que sentar atrás "dele" na escola, fazer parzinho na quadrilha, sentar do lado no cinema, jogar no mesmo time na ed. Física já são pouco, perto do tamanho do sentimento - sentimento este que só cresceu ao longo dos anos.
Ah, cara, é difícil. É quase como quando você é pequeno e vê aquele brinquedo na vitrine - aquele que sua mãe disse que era muito caro - e sabe que não vai poder ter um daqueles. Com a diferença que o brinquedo, talvez um dia eu pudesse comprar, quando tivesse dinheiro. Mas meu caso é diferente. Dinheiro, não resolve. O que conta é o sentimento e isso, Papai Noel, não depende da minha vontade.
Gostaria de querer ganhar algo mais simples. Mas no coração, a gente não manda, entende?
Já que o senhor não pôde trazer o que eu queria... só te peço, por favor, que faça o tempo passar rápido. Rápido o suficiente pra me fazer voltar pra Maringá e continuar a faculdade, arrumar um estágio logo e parar de pensar nele o tempo todo, no sorriso dele, no rosto dele, no jeito com que ele me abraçou e fez o mundo parar... Porque isso machuca. Bastante.
Vou me comportar melhor ano que vem, prometo. Quem sabe, no fim das contas, eu não faça por merecer ficar junto com quem eu sempre quis, não é? O que eu sei é que qualquer esforço valeria a pena.
Não esqueça de mim, hein, Papai Noel.
Até ano que vem.
Um beijo!
Angélica.
♪ You know you've got the power
to make me weak inside ♪
;*
Nenhum comentário:
Postar um comentário